Avançar para o conteúdo principal

O que Sempre Soube das Mulheres

Adorei!!





Tratam-nos mal, mas querem que as tratemos bem. Apaixonam-se por serial-killers e depois queixam-se de que nem um postalinho. Escrevem que se desunham. Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que tenhamos graça a pregá-las. Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores. São superiores. Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos. Perdoam facilmente, mas nunca esquecem. Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar. Têm uma capacidade de entrega que até dói. São óptimas mães até que os filhos fazem 10 anos, depois perdem o norte. Pelam-se por jogos eróticos, mas com o sexo já depende. Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível. Inventaram o telemóvel ao volante. São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça levam tudo à frente. Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas. Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto de vontade tornam-se mesmo inocentes. Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem. Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes. Não compreendem nada. Compreendem tudo. Sabem que o corpo é passageiro. Sabem que na viagem há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor. Não são de confiança, mas até amais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens. São tramadas. Comem-nos as papas na cabeça,mas depois levam-nos a colher à boca. A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos – elas quando jogam é para ganhar. E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma coisa. Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco. 

Rui Zink, in "Jornal Metro"

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A menina que queria ser maça

Quando perguntaram a Joaninha o que é que ela queria ser quando fosse grande (há sempre um dia em que um adulto nos faz essa pergunta), ela não hesitou: - Quando for grande quero ser maçã! Disse aquilo com tanta convicção que a mãe se assustou: - Maçã? A maior parte das crianças quer ser:  a)  astronauta  b)  médica/o  c) corredor de automóveis  d)  futebolista  e)  cantor/a  f)  presidente. Há algumas respostas mais originais: «Quero ser solteiro», confessou o filho de uma amiga minha. Conheço uma menininha que foi ainda mais ambiciosa: - Quando for grande quero ser feliz. Mas maçã? Joaninha, meu amor, maçã porquê? A pequena encolheu os ombos: «são tão lindas». Passaram-se os anos e a mãe pensou que ela se tinha esquecido daquilo. Mas não. No dia em que entrou para a escola a professora fez a todos os meninos a mesma pergunta: - Ora vamos lá a saber o que é que vocês querem ser quando forem grandes... Astronauta. Piloto de Fórmula 1. Cantora. Futebolista. Barbie (

Poesia de José Fanha

  Adorei!!         Poesia de José Fanha Editor: Lápis de Memórias   Publicado em 2012 este livro é uma coletânea de poemas escritos por José Fanha ao longo de mais de 40 anos. Considerado um dos maiores nomes da poesia portuguesa contemporânea, José Fanha é conhecido como poeta de intervenção cívica e pública, símbolo da luta pela liberdade e combate à exclusão. Nas suas mais variedades manifestações Fanha destaca-se pela forma única como trata todos de forma idêntica, sejam crianças ou adultos e defende que o “ local mais nobre para partilhar a palavra e fazer desaguar a poesia ” é a praça pública. Um dos meus favoritos ASAS Nós nascemos para ter asas meus amigos. Não se esqueçam de escrever por dentro do peito: nós nascemos para ter asas. No entanto, em épocas remotas vieram com dedos pesados de ferrugem para gastar as nossas asas assim como se gastam tostões. Cortaram-nos as asas como se fôssemos apenas operários obedientes, estudantes atencioso

A Princesa do Dia e o Príncipe da Noite

As delicadas ilustrações de Lisbeth Renardy acompanham esta bonita história da escritora francesa Adeline Yzac que, com ritmo e magia, nos fala de amor, dicotomias, ciclos, solidão e imaginação… e de como as histórias trazem alegria ao mundo. Este livro dirigido ao público infantil conta a história do reino do Dia, onde o Sol nunca se punha, e do reino da Noite, onde o Sol não nascia nunca. O amor, porém, ultrapassa todas as barreiras temporais e espaciais, e eis que a Princesa do Dia e o Príncipe da Noite se apaixonam um pelo outro. Para poderem viver felizes para sempre, como nas histórias, é preciso encontrar uma solução… da noite para o dia. Um livro (editado pela Livros Horizonte) que integra o Plano Nacional de Leitura. Autoria  Lisbeth Renardy   Livros Horizonte