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Os homens precisam de mimo ;)))

Achei imensa piada a este artigo que li no Correio da Manhã e achei que o devia partilhar.

"A minha excelentíssima esposa acha que vive cercada por uma quadrilha de desarrumados, da qual eu sou o cabecilha. Quer dizer: não é que ela ache que eu desarrume mais do que os quatro filhos, mas acha definitivamente que "não dou o exemplo.
Segundo ela, é devido à minha pérfida ação e à minha insistência em colonizar áreas indevidas da nossa casa - como a mesa da sala - com livros e jornais, que os miúdos tardam em assimilar o seu rigor teutónico em termos de organização caseira. Resultado: no seu entender, eu estou a alimentar quatro mini-furacões domésticos, que deixam nuvens de roupa e de brinquedos por onde passam.
Desconfio que não seja o único espécimen masculino a ser alvo de tão graves acusações: quase todas as mulheres acham que os seus maridos são uma lástima em matéria de arrumação. Mas eu diria, em defesa da classe, que falta bastante subtileza a esta análise. É que, na verdade, os homens não são mais desarrumados do que as mulheres. Simplesmente, ambos têm ideias muito distintas acerca do que "arrumado" quer dizer.
Por exemplo, a excelentíssima esposa embirra à brava que eu deixe meias usadas ao lado da cama. Ora, provisoriamente desarrumado não é desarrumado. Tal apenas acontece por razões logísticas: quando um gajo à noite despensa no colchão, ir à cozinha pôr as meias no sítio da roupa suja seria um ato de tortura, proibido pela Convenção de Genebra. Em bom rigor, é apenas uma desarrumação provisória e noturna, parecendo-me do mais elementar bom senso suspender o conceito de desarrumação entre a meia-
-noite e as oito da manhã.

Mas o pior não é isso. O pior é que as super arrumadas mulheres são extremamente seletivas quanto ao seu conceito de arrumação. Sendo altamente exigentes em relação a roupa, decoração da casa ou utensílios de cozinha, elas estão longe de estender a exigência a coisas como, por exemplo, as bagageiras dos automóveis. A sala de estar um bocado desarrumada é trágico. Mas o facto de a parte de trás do nosso carro parecer um armazém dos Companheiros de Emaús já é natural. Meias usadas no chão é horrível. Mas a acumulação de discos de música, filmes ou jogos fora das respetivas caixas torna-se aceitável. Ora, isto não pode ser. A mitologia do homem desarrumado tem de ser combatida. Nós não desarrumamos nem mais, nem menos, do que vocês, minhas senhoras. Simplesmente, desarrumamos diferente."

Por: João Miguel Tavares

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