Ondjaki, o escritor angolano já bem conhecido do público por obras como
"o assobiador" (2002), "quantas madrugadas tem a noite" (2004), "os da
minha rua" (2007), "AvóDezanove" e "o segredo do soviético" (2008),
entre outros títulos, sempre colocou Angola, e em particular Luanda, de
onde é natural, no centro da sua escrita.
Com o presente romance, de novo aparece Luanda - a Luanda atual do
pós-guerra, das especificidades do seu regime democrático, do
«progresso», dos grandes negócios, do «desenrasca» - como pano de fundo
de uma história que é um prodígio da imaginação e um retrato social de
uma riqueza surpreendente.
Combinando com rara mestria os registos lírico, humorístico e
sarcástico, os transparentes dá vida a uma vasta galeria de personagens
onde encontramos todos os grupos sociais, intercalando magníficos
diálogos com sugestivas descrições da cidade degradada e moderna.
Quando perguntaram a Joaninha o que é que ela queria ser quando fosse grande (há sempre um dia em que um adulto nos faz essa pergunta), ela não hesitou: - Quando for grande quero ser maçã! Disse aquilo com tanta convicção que a mãe se assustou: - Maçã? A maior parte das crianças quer ser: a) astronauta b) médica/o c) corredor de automóveis d) futebolista e) cantor/a f) presidente. Há algumas respostas mais originais: «Quero ser solteiro», confessou o filho de uma amiga minha. Conheço uma menininha que foi ainda mais ambiciosa: - Quando for grande quero ser feliz. Mas maçã? Joaninha, meu amor, maçã porquê? A pequena encolheu os ombos: «são tão lindas». Passaram-se os anos e a mãe pensou que ela se tinha esquecido daquilo. Mas não. No dia em que entrou para a escola a professora fez a todos os meninos a mesma pergunta: - Ora vamos lá a saber o que é que vocês querem ser quando forem grandes... Astronauta. Piloto de Fórmula 1. Cantora. Futebolista. Barbie (
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