Avançar para o conteúdo principal

O Último conto


“Ninguém se lembrava do dia em que Jacinto havia contado o seu primeiro conto debaixo da árvore. No bairro, dizia-se que sempre estivera ali. Alguns anciãos afirmavam que apenas os contos eram anteriores a ele. E havia ainda quem afirmasse que a árvore, as casas e tudo o resto só existiam porque Jacinto os narrava. Todos acreditavam que os seus contos seriam escutados para sempre…”

“O Último Conto” é o mais recente livro de Rodolfo Castro editado em Portugal. Foi apresentado no passado dia 30 de Novembro na Gatafunho, loja de livros , numa sessão de contos em que Rodolfo apelidou de O último serão de contos de 2013.

O trabalho entre o escritor e o ilustrador mexicano Enrique Torralba, foi muito bem conseguido, pois o livro é magnificamente ilustrado, com imagens de página inteira que marcam significativamente a história. Poder-se-á dizer que elas são parte integrante da história, complementando-a, dando-lhe vida e enchendo-a de sentimentos.


“Jacinto era um bom contador de histórias. A sua voz equilibrava-se entre a serenidade e a fúria.”

Rodolfo Castro apresenta-nos Jacinto, um contador de histórias que era a vida e força da 
cidade, que sempre existira ali, debaixo de uma árvore. 



Todos escutavam as suas palavras, minutos cheios de fantasia a que ninguém conseguia resistir… e pensavam que a sua voz, as suas histórias durariam para sempre… até que chega um dia em que o silêncio envolve a cidade, um silêncio tão denso que nada nem ninguém consegue reagir.

Só após um estrondo do avião, e com o passar do tempo,  é que tudo vai regressando à normalidade, até que junto à velha árvore, onde Jacinto contava as histórias, algo acontece…

Mais uma excelente aposta da Editora GATAfunho.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

A menina que queria ser maça

Quando perguntaram a Joaninha o que é que ela queria ser quando fosse grande (há sempre um dia em que um adulto nos faz essa pergunta), ela não hesitou: - Quando for grande quero ser maçã! Disse aquilo com tanta convicção que a mãe se assustou: - Maçã? A maior parte das crianças quer ser:  a)  astronauta  b)  médica/o  c) corredor de automóveis  d)  futebolista  e)  cantor/a  f)  presidente. Há algumas respostas mais originais: «Quero ser solteiro», confessou o filho de uma amiga minha. Conheço uma menininha que foi ainda mais ambiciosa: - Quando for grande quero ser feliz. Mas maçã? Joaninha, meu amor, maçã porquê? A pequena encolheu os ombos: «são tão lindas». Passaram-se os anos e a mãe pensou que ela se tinha esquecido daquilo. Mas não. No dia em que entrou para a escola a professora fez a todos os meninos a mesma pergunta: - Ora vamos lá a saber o que é que vocês querem ser quando forem grandes... Astronaut...

A Princesa do Dia e o Príncipe da Noite

As delicadas ilustrações de Lisbeth Renardy acompanham esta bonita história da escritora francesa Adeline Yzac que, com ritmo e magia, nos fala de amor, dicotomias, ciclos, solidão e imaginação… e de como as histórias trazem alegria ao mundo. Este livro dirigido ao público infantil conta a história do reino do Dia, onde o Sol nunca se punha, e do reino da Noite, onde o Sol não nascia nunca. O amor, porém, ultrapassa todas as barreiras temporais e espaciais, e eis que a Princesa do Dia e o Príncipe da Noite se apaixonam um pelo outro. Para poderem viver felizes para sempre, como nas histórias, é preciso encontrar uma solução… da noite para o dia. Um livro (editado pela Livros Horizonte) que integra o Plano Nacional de Leitura. Autoria  Lisbeth Renardy   Livros Horizonte

Poema da Auto-estrada

Ontem tive o prazer e ouvir este poema pelas vozes de cinco alunas da Escola Secundária de Arganil.  Foi tão bom, tão bom, que hoje andei o dia todo com este poema na cabeça ;)) Aqui vai o poema da Auto- Estrada... Voando vai para a praia Leonor na estrada preta. Vai na brasa, de lambreta. Leva calções de pirata, vermelho de alizarina, modelando a coxa fina, de impaciente nervura. como guache lustroso, amarelo de idantreno, blusinha de terileno desfraldada na cintura. Fuge, fuge, Leonoreta: Vai na brasa, de lambreta. Agarrada ao companheiro na volúpia da escapada pincha no banco traseiro em cada volta da estrada. Grita de medo fingido, que o receio não é com ela, mas por amor e cautela abraça-o pela cintura. Vai ditosa e bem segura. Com um rasgão na paisagem corta a lambreta afiada, engole as bermas da estrada e a rumorosa folhagem. Urrando, estremece a terra, bramir de rinoceronte, enfia pelo horizonte como um punhal que se enterra. Tudo...