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João Villaret faria hoje 100 anos

Um dos maiores declamadores de sempre....

 

João Villaret faria hoje 100 anos







João Henrique Pereira Villaret nasceu a 10 de maio de 1913, há precisamente 100 anos, na sua casa da rua da Boavista, nº 60, 2º andar, em Lisboa. Filho de um médico, numa família onde todos apreciavam as artes em geral e a música em particular. Em pequeno, João mostrou-se interessado pelo bailado e pelo teatro. Aos dez anos, adoeceu e teve de fazer um longo período de repouso que o engordou bastante. O excesso de peso impediu que se dedicasse ao bailado, mas a representação continuava ao seu alcance. Do teatro amador passou para o Conservatório e daí para o Nacional. Sem grandes complicações, como ele recordava: "Estreei-me na peça Leonor Teles. A minha história da entrada no teatro não teve complicações. Foi a de um rapaz que quis seguir carreira de ator, entrou para o Conservatório e um dia estreou. Parece impossível mas foi assim mesmo, tão simples."
No teatro, além do Nacional, com Amélia Rey Colaço, Villaret integrou os Comediantes de Francisco Lopes e, mais tarde, juntou-se a Vasco Morgado e a Laura Alves. Fez de tudo. De A Recompensa (1937), de Ramada Curto, a Electra e os Fantasmas (1943), de O"Neill, de A Ceia dos Cardeais (1948), de Júlio Dantas a Melodias de Lisboa (1955), de sua autoria, passando por Esta Noite Choveu Prata (1956), de Pedro Bloch, um dos seus grandes sucessos. Na noite de estreia, no final da apresentação, Palmira Bastos esperava-o no camarim para lhe dizer: "Você excedeu tudo o que eu tinha pensado das suas reais possibilidades".


Ainda sei de cor e salteado!!

      

      Procissão

         Tocam os sinos da torre da igreja,
         Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
         Na nossa aldeia que Deus a proteja!
         Vai passando a procissão.
Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó, popó.
Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!
Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos.
E o mais pequeno perdeu uma asa!
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Pelas janelas, as mães e as filhas,
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas,
Parecem anjos que vieram do Céu!
Com o calor, o Prior aflito.
E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Já passou a procissão.

         Letra: António Lopes Ribeiro
         Intérprete: João Villaret



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